Muitos homens preferem sabotar um relacionamento até que a parceira desista dele a encarar a hora de dizer que o amor acabou
“Ele começou a chegar tarde sempre, brigava por qualquer motivo, se recusava a ir a qualquer evento de família. Entre o terceiro e o quarto ano de nosso namoro, a vida foi um inferno”, conta a arquiteta Júlia Barros, 31, sobre seu último relacionamento. “Sofri muito e tivemos incontáveis discussões para tentar salvar a relação. Até que me dei conta de que quem queria salvar a relação era só eu. Ele queria terminar, mas não tinha coragem. Então destruiu nosso namoro até que eu tive que tomar a iniciativa e por um fim em tudo”, diz. “Não bastou perder o namorado, ainda tive que fazer todo o trabalho sujo. Achei a atitude dele tão covarde que até me ajudou a superar a perda – no fim, acho que não estava perdendo grandes coisas”.
Terminar é mais difícil para eles
O senso comum de que mulheres buscam um relacionamento estável de forma mais incisiva do que os homens também diz que, na hora de terminar esse relacionamento, elas também são mais diretas. “De maneira geral, as mulheres quando querem terminar um relacionamento têm mais facilidade de deixar isso bem claro para o parceiro. O homem prefere enrolar ou provocar a mulher até que ela tome a atitude por ele”, afirma a psicanalista Ana Claudia Ferreira de Oliveira.
Mas o que leva alguém que não quer mais estar em um relacionamento a preferir sabotá-lo a conversar sobre o fim? “Talvez haja uma diferença porque o homem não lida bem com os seus sentimentos de dependência e tem esse papel de ser o provedor, o que cuida. Ele pode subestimar as mulheres e por razões suas considerá-las frágeis”, diz o psiquiatra Márcio Pinheiro. “Eles querem sempre agradar as
mulheres na tentativa de `saírem bem na foto´ com todas, e evitarem ter que lidar com os sentimentos despertados na mulher pelo término da relação”, avalia Ana Claudia.
Quem ajudou a arquiteta Júlia Barros a entender que seu namorado estava usando todas as armas – menos a conversa – para terminar o romance foi a amiga e também arquiteta Renata Mendes. “Isso já me aconteceu tanto que me considero especialista no assunto”, diz. Como “expert”, a amiga de Júlia diz o que os homens podem fazer de pior nessa situação: “O mais humilhante é alguém com quem você dividiu sua vida simplesmente desaparecer. Deixar de atender ligações, de te procurar. É uma grosseria e machuca muito. Mas é bem comum”.
Apesar de ser doloroso e pouco respeitoso, o método de “implosão” do relacionamento adotado por muitos homens acaba dando o recado mais cedo ou mais tarde. “No fundo nós sempre
sabemos ou sentimos quando somos queridas ou desejadas, mas muitas vezes temos medo de encarar isso e tomar a atitude de romper com aquele relacionamento”, diz a psicanalista Ana Cláudia. Ou seja, a parceira acaba percebendo e o relacionamento uma hora acaba. Mas o custo emocional é altíssimo. A falta de clareza e honestidade nos relacionamentos pode comprometer também a parte boa. “Quem está sendo rejeitado sempre sabe. O perigo é a pessoa por razões pessoais se sentir rejeitada quando isso não está acontecendo. Ou pior: provocar a rejeição”, afirma o psiquiatra Márcio Pinheiro.
A hora de terminar
Reconhecer o momento em que um namorou ou casamento não funciona mais para algum dos parceiros não é tarefa simples nem indolor. “Nós temos esse defeito de fabricação: não lidamos bem com a separação. Aliás, é mais do que isso: temos horror a ela”, diz Márcio. Na prática, é preciso um exercício de comunicação. Para Ana Cláudia, “depende do quanto cada um dos parceiros quer fazer aquele
relacionamento funcionar. Se só um quer e está trabalhando sozinho pra isso, vai nadar e vai morrer na praia. É preciso que os dois parceiros encarem a crise e sejam muito claros um com o outro com relação ao desejo de continuar e os esforços e atitudes que vão tomar para efetivamente enfrentarem juntos essa crise”. Se não for assim, é hora de encarar a separação. E um aviso aos que tentam fugir dela para “preservar” a parceira: de qualquer maneira, vai doer.
“Separações sempre doem. Até quando não amamos mais o parceiro, porque há muitas perdas envolvidas, além da enorme dor narcísica de encarar que fracassamos naquela tentativa de relacionamento”, afirma Ana Cláudia. Márcio Pinheiro faz coro: “Não tem jeito. Quem quiser encontrar o amor, vai ter de sofrer, vai ter de chorar. Quem é capaz de sofrer é tambem capaz de sentir alegria. A gente bebe essas coisas no mesmo copo. Separação dói e não adianta sair por si negando a dor e se relacionando com Deus e todo o mundo na esperança de não sofrer. O melhor é passar pelo luto, sentir tudo que tem direito e depois perceber que milagrosamente começarão a aparecer interesses em outras pessoas. Ou seja: você sobreviveu”.
Fonte:http://delas.ig.com.br
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